TV PCB Pará - Documentário sobre Raimundo Jinkings

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

ENTREVISTA COM IVAN PINHEIRO, SOBRE AS ELEIÇÕES DE 2010

A Revista CAROS AMIGOS número 155, que está nas bancas, apresenta uma reportagem especial ELEIÇÕES 2010 Disputa de projetos ou falsa polarização?, em forma de entrevistas com representantes de sete Partidos do campo democrático-popular e da esquerda, segundo classificação da jornalista Tatiana Merlino.

São entrevistados, com as mesmas perguntas, Brizola Neto (PDT), Ivan Pinheiro (PCB), Ivan Valente (PSOL), José Eduardo Dutra (PT), José Maria de Almeida (PSTU), Luiza Erundina (PSB) e Renato Rabelo (PCdoB).

Aqui estão, na íntegra, as respostas do Secretário Geral do PCB, camarada Ivan Pinheiro.
Secretariado Nacional do PCB


O que está em jogo nessas eleições?

Deveria estar em jogo um intenso debate sobre os grandes problemas nacionais, uma discussão ideológica, o confronto de projetos, a política externa brasileira, a integração da América Latina, a soberania nacional, a reestatização da Petrobrás, a redução da jornada de trabalho, a reforma agrária e outros temas sobre o presente e o futuro do país. Infelizmente, as oligarquias e a mídia podem, com a força que têm, fazer desta eleição um par ou ímpar entre dois projetos de administração do capital, um capitaneado pelo PT e outro pelo PSDB.
Há um risco de os candidatos deste campo, que disputam quem é mais eficiente para alavancar o capitalismo brasileiro, ficarem disputando qual mandato de 8 anos (FHC ou Lula) apresentaram os melhores indicadores macroeconômicos: quem mais deu confiança aos investidores internacionais, quem "destravou" mais a economia, quem criou mais e piores empregos, quem reduziu mais o "Risco Brasil" etc.

O que pode mudar no cenário político do país?

Se o debate for centrado na administração do capital vai mudar muito pouco. Podem mudar os comandantes da máquina pública, do balcão de empregos e interesses. Alguma mudança de estilo. Se as oligarquias conseguirem "americanizar" as eleições de 2010, ou seja, uma disputa entre a coca-cola e a pepsi-cola, as mudanças serão menores ainda. No mundo todo, a burguesia força a barra para estabelecer um bipartidarismo no campo da ordem, para afastar o risco de uma alternativa de esquerda. O que pode determinar mudanças no Brasil são fatores externos, como os desdobramentos da crise do capitalismo, a tendência do imperialismo a potencializar sua agressividade e outros fatores.
As mudanças serão pequenas até porque Lula, na questão principal (a política econômica) manteve a orientação do governo FHC. E este modelo não estará em debate. O que estará em debate é a forma de administrá-lo. Além do mais, as diferenças entre Lula e Alckmin eram mais notáveis e significativas do que aquelas entre Dilma e Serra.
O que pode provocar alguma mudança, na realidade, é o fato de Lula não ser o Presidente a partir de 2011. Ninguém, como ele, tem a capacidade de fazer a conciliação entre o capital e o trabalho. Nada melhor do que um ex-operário formado no sindicalismo de resultados para fazer um governo em que o capital aumente sua parcela no PIB em relação ao trabalho e este interprete isso como um mal necessário, para manter empregos, mesmo que a cada dia mais precarizados. Para a burguesia que pensa, que não é troglodita, o melhor cenário seria um terceiro mandato para Lula.

O que deve ser defendido pelas esquerdas?

Primeiro, temos que precisar o que significa esquerda hoje, nesta diluição ideológica e nesta manipulação de conceitos. Até o PPS (aliado do DEM e do PSDB) se considera "de esquerda". Os socialdemocratas e social-liberais que apóiam incondicional e sistematicamente o governo Lula se consideram "de esquerda". Aliás, no Brasil, ninguém assume que é "de direita".
Vou falar, portanto, do que considero como esquerda, um campo político que, à falta de definição melhor, posso chamar de esquerda revolucionária ou esquerda socialista, ou seja, aquela que não quer reformar o capitalismo, mas superá-lo.
Portanto, penso que a verdadeira esquerda no Brasil deve envidar esforços no sentido de criar uma frente, de caráter anticapitalista e antiimperialista, permanente, para além das eleições, voltada para a luta de massas. Não pode ser apenas uma coligação eleitoral, como foi a chamada frente de esquerda em 2006, que se dissolveu antes mesmo da realização do primeiro turno; e que não tinha programa, mas apenas candidatos.
Esta frente deve incorporar, além dos partidos políticos registrados no TSE, todas as organizações políticas, político-socias e movimentos populares que se coloquem no campo da superação do capitalismo, na perspectiva do socialismo. O programa desta frente deve ser conformado não pelas cúpulas das organizações que a compõem, mas a partir de um amplo debate a partir das bases.

O que pode significar avanço ou retrocesso para o processo de redemocratização do país?

O problema hoje no Brasil não é o risco de um golpe militar clássico ou de novo tipo, como o que se deu na Venezuela, em 2002, como tentativa, e agora em Honduras, como realidade. Os maiores riscos de retrocessos políticos são a criminalização dos movimentos sociais e da pobreza, as restrições ao direito de greve, as limitações aos partidos políticos de esquerda, através de cláusulas de barreira etc.

Os riscos maiores de retrocesso na questão democrática são principalmente os de âmbito mundial. Com a crise do capitalismo e a acirrada disputa por recursos naturais não renováveis, o mundo corre riscos de guerras e conflitos de todo o tipo, com o recrudescimento da agressividade do imperialismo.

Como os movimentos sociais podem interferir nesse processo?

Os movimentos sociais têm um papel fundamental a desempenhar no processo de mudanças sociais, desde que não se limitem à esfera de sua atuação específica, à parcialidade da luta. O MST é um excelente exemplo de um movimento social, a meu ver o mais importante do Brasil, que soube compreender isso. Hoje, o MST não é um apenas um movimento social, mas incide na questão política, como a luta em defesa da Petrobrás e até na solidariedade internacional.

Por isso, temos defendido que os movimentos populares participem da frente anticapitalista e antiimperialista, no mesmo espaço com organizações políticas.

Leia Mais…

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Marcha contra Usina de Belo Monte

O PCB do Pará estava presente nessa marcha

Leia Mais…

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Software livre como manifestação do socialismo na era digital

O Software livre abriu uma nova oportunidade de realizar negócios partindo de uma premissa socialista que é o trabalho coletivo no desenvolvimento e a apropriação também coletiva do fruto desse trabalho, ao mesmo tempo grandes empresas, como IBM, Novell, Red Hat, dentre outras tentam "enquadrar" o sistema operacional Linux e outras iniciativas baseadas no software livre, tentando domesticar ou direcionar o funcionamento desse trabalho coletivo para desenvolver soluções e produtos que possam ser vendidos e apropriados pelas mesmas.

Essas empresas enxergaram corretamente que a grande jogada do software livre é o trabalho coletivo ,ou seja, um verdadeiro "ecossistema" composto por diversas comunidade trabalhando em paralelo, que se apropriam do projeto e o desenvolvem, assim para essas empresas seria a oportunidade de ter um gigantesco exército de programadores de forma quase gratuita, representando um mão-de-obra extremamente barata e qualificada, enquanto teriam que "manter" ou contratar apenas um grupo especifico de programadores mais criativos ou líderes para fazer a tarefa de gerência desse projeto. A princípio isso poderia gerar uma vantagem gigantesca sobre os demais concorrentes que ainda estariam presos ao sistema de trabalho mais antigo.

Outra característica importante de ressaltar sobre esse "ecossistema" de comunidades, seria a forma extremamente descentralizada de sua organização, ao mesmo tempo altamente produtiva, visto que essas comunidades trabalham de maneira coordenada, cooperativa e em paralelo, criando, de forma concomitante, melhorias para um projeto assim como variações e novos projetos surgidos a partir desse, não bastando isso temos que analisar também o alcance mundial dessas comunidades permitindo o trabalho 24 horas por dia praticamente todos os dias do ano, visto que se num país anoitece e um grupo se prepara para "largar o expediente" outro grupo em outro pais ou continente assume o "turno". Como o trabalho é em geral "voluntário" não existe carga horária fixa ou dia de semana fixo, podendo se estender por mais de 10 horas diárias, abrangendo todos os dias da semana inclusive sábados, domingos e feriados.

O grande problema para essas empresas é justamente o que as atrai, o caráter socialista e voluntarioso do software livre, ou seja, não há como monopolizar, restringir esse trabalho a um grupo ou empresa especifica, pois da mesma forma que eles podem se apropriar dos frutos do trabalho coletivo qualquer pessoa ou empresa também pode fazer o mesmo ou com base nesse trabalho criar uma solução sua, particular, para um problema particular e dessa forma auferir lucro, não só com a venda do produto mas com toda a gama de serviços existente em torno da solução, tais como treinamento, instalação e personalização. Todas essas características do software livres estão descritas e regulamentadas na licença GPL, documento que garante o acesso de todos os que quiserem não só ao software ou tecnologia como também aos seus códigos fontes. Por todas essa características e por botar em cheque o processo de apropriação particular do trabalho coletivo podemos afirmar que o software livre, é no ramo tecnológico, a manifestação do trabalho socialista.

OBS: Este artigo é de autoria do nosso colaborador Cláudio Alfonso

Leia Mais…